sábado, 20 de agosto de 2011

A figura cômica, paternal e social de Kotetsu T. Kaburagi

(Antes de tudo, já deixo avisado que esta postagem possui spoilers de Tiger & Bunny; leiam por conta e risco, mas já aviso que sem conhecer o que foi apresentado da série até o momento terão dificuldades em refletir sobre o que for dito aqui.
Outro aviso: este texto segue o estilo da postagem anterior sobre Suzumiya Haruhi, cheio de especulações. Ou seja, viagens estão por vir e novas opiniões e/ou "chacoalhões" para a realidade xD são muito bem-vindos.)



Logo nessa minha vida de "otome recém-nascida", posso dizer que uma das coisas mais divertidas que faço é comentar com outros fãs de uma série a respeito do episódio da semana, assim como ler em blogs e fóruns outras opiniões a respeito. É uma experiência incrível, te leva a enxergar diversos detalhes a partir de novos pontos de vista, ajudando na fomação de seu próprio. Melhor ainda quando o tal episódio da semana é impactante - seja de forma positiva ou negativa.

É o caso de Tiger & Bunny, anime que surpreendeu boa parte da fanbase com sátira dos super-heróis ocidentais, personagens tremendamente carismáticos e execução viciante; a série consegue manter toda semana o nível elevado, apesar de alguns momentos não tão animadores e outros mais empolgantes que o normal. E agora que está próximo do final - que por sinal terá seu último episódio (da temporada, pelo menos) exibido também nos cinemas japoneses - as expectativas são elevadas e as reflexões sobre os possíveis finais aumentam, junto às especulações sobre nova temporada.

Agora, a pergunta: qual seria o segredo da série para se destacar tão bem como algo inesperado? Para mim, segredo nenhum. O fato de que uma equipe competente abrigada pela Sunrise faz diferença é tão óbvio que quase dói ter de citar aqui, mas diria que o principal elemento de sucesso deste anime é outro ainda mais óbvio: um protagonista bem caracterizado, que chama a atenção e interage de forma intensa e interessante com o enredo.

Sim: Kotetsu T. Kaburagi, o Wild Tiger, constantemente torturado por seus problemas pessoais, profissionais e as constantes reviravoltas da série, é um excelente exemplo de como um protagonista deve ser construído, levando o público a se envolver com seus dramas, divertir-se com sua espontaneidade e sabem o que mais? Enxergar nele uma série de sutis referências ao nosso próprio estilo de vida - afinal, T&B, como disse essa semana no Twitter, é uma paródia social. E sim, estou ao ponto de eleger Kotetsu como melhor protagonista masculino do ano até o momento. (Ganhou até das minhas preferências pelo Okarin de Steins;Gate e pelo Jintan de AnoHana hehe.)

Mas afinal, quais seriam os aspectos e representações que fazem dele um protagonista tão legal de se acompanhar e importante nas temáticas da série? Quão longe irá sua influência no final da série? E por fim, qual é o saldo que poderá ser tirado ao fim deste anime? É o que tentarei descobrir aqui, avaliando sua formação.

-Primeiro ponto: Paródia social

Kotetsu procurado? COMASSIM?? xD

Lembro-me que, na época em que as estreias de Abril estavam "engatinhando", li um review de Carl Kimlinger no ANN dizendo que "assistir Tiger & Bunny nos lembra inevitavelmente de nossa própria cultura (...) Porém, mesmo tendo uma premissa carregada, Tiger & Bunny é curiosamente desinteressado em comentários sociais." A princípio, quando comecei a assistir o anime, concordei com ambas as afirmações; hoje, percebo que a última deve ser repensada. T&B faz uma sátira dos super-heróis ocidentais e da nossa própria sociedade, manipulada pelo marketing, criando uma ambientalização em que os heróis são mais celebridades e veículos de propaganda do que salvadores, sujeitos às vontades da mídia e dos patrocinadores; até aí tudo bem, é o superficial que já sabemos.

Porém Kotetsu, conhecido como o herói Wild Tiger, é aquele herói mais antigo (quer dizer, acho que falar "antigo" é um exagero, ele deve ter em torno de uns 30 anos), que já passou de sua época de glória e vive uma ideologia inocente porém verdadeiramente heróica, e é justamente por isso que passa tantos maus bocados. O fato dele optar por seus princípios muitas vezes entra em conflito com as regras de sucesso da Hero TV, que impõem a manipulação de várias situações visando mais o ibope do programa do que própria segurança da cidade, e é aí que entra o lado crítico: nosso protagonista é marginalizado entre os outros personagens e desprezado pelo público do programa, lembrando muitas pessoas que não se ajustam a alguns costumes e regras do nossa sociedade e também acabam desprezadas - seja de forma velada ou explícita. Tudo isso em uma série que sabe trabalhar muito bem sua comédia e o desenvolvimento ora dramático e realista, ora cômico e positivo de seus personagens diversificados, deixando todas essas analogias num plano bem sutil; é a sacada inteligente do enredo.

Um pouquinho mais de conteúdo além da casca ia bem, né Bunny?

E sim, dá para encontrar analogias sociais também em Barnaby: ele é o "lado oposto" a Kotetsu, é o cara que escolheu se ajustar a todas as exigências e acredita que tem controle sobre seu sucesso; porém no final das contas acaba sendo apenas mais um manipulado, como foi provado nos episódios mais recentes, em que o rapaz se tornou uma mera marionete nas mãos do empresário Maverick. Onde foi parar o desinteresse por comentário social agora?

-Segundo ponto: figura paternal


Episódio 17. Adoro essa cena.


O lado familiar de Kotetsu também é um ponto de forte interesse, por trazer, além de um aprofundamento sincero nos problemas pessoais do personagem, traz novas possíveis comparações e pontos de vista.

Nosso protagonista possui uma relação complicada com a filha, Kaede, órfã de mãe que vive com a avó e sente falta da presença do pai. Problemas familiares não são novidade no contexto de super-heróis modernos, mas em T&B são elevados ao patamar da relação pai e filha, colocando o conflito de Kaede e Kotetsu de forma muito envolvente, te levando a entender ambos os lados - tanto da menina que tem medo de ficar sozinha no mundo quanto do pai que sonha em agradar a filha porém não sabe exatamente como fazer isso.

E aí ainda temos um paralelo interessante: ao passo de que não sabe lidar com os problemas com sua filha, Kotetsu aos poucos se forma como figura paternal entre os heróis mais novos, demonstrando preocupação com seus problemas e assim conquistando confiança e quebrando sua situação marginalizada - o que pode torná-lo alguma espécie de exemplo no futuro dos heróis.

-E no fim, onde isso tudo levará?




No momento o anime está numa fase crítica: Kotetsu é esquecido por todos os envolvidos com a Hero TV e caçado como assassino da governanta de Barnaby, Samantha; sem falar que ainda não está resolvido o problema envolvendo seus poderes e outros personagens devem entrar em cena, como Lunatic e Kaede. Tudo isso só deixa a ansiedade ainda maior pelo final nos cinemas que pelo menos muito hype já tem por aí.

Algumas das possibilidades do que está por vir incluem o Kotetsu descobrir a verdade obscura sobre seu ídolo, Legend, o que seria um grande golpe na ideologia que vive, fundamentalmente influenciada pelo grande herói do passado. Torná-lo um símbolos das gerações futuras de heróis? Ou levá-lo a um final em que ele escolha o afastamento, ficando na memória das poucas porém importantes pessoas com quem viveu? Apostas, apostas, a maioria positivistas. No momento, pode-se afirmar apenas uma coisa: Tiger & Bunny já vale um entretenimento tremendo, divertido e crítico principalmente devido a um certo herói que, apesar de todas as "capotadas" que leva, consegue manter o bom humor e um carisma incomparáveis. É meu protagonista favorito do ano até que Steins;Gate ou qualquer outro anime da temporada de Outono que está por vir me prove o contrário.

4 comentários:

  1. Ótima postagem, Mary, está realmente caprichada. ^_^

    "Kotetsu é esquecido por todos os envolvidos com a Hero TV e caçado como assassino da governanta de Barnaby, Samantha; sem falar que ainda não está resolvido o problema envolvendo seus poderes e outros personagens devem entrar em cena, como Lunatic e Kaede."

    Eu já vinha imaginando isso, desde o momento que os poderes dele começaram a ficar ameaçados e a verdade por trás do seu herói de infância veio á tona (assim como a história do Lunatic). É bem como alguns problemas enfrentados por heróis nas HQ's.

    Enfim, particularmente, achei emocionante a interação de Kotatsu e Kaede e é aquela coisa, ele ficou tão obcecado com seu trabalho e esqueceu de dar atenção a quem realmente importava. E concordo quanto a Kotatsu estar concorrendo ao posto de melhor personagem masculino do ano, infelizmente, Okarin não tem chance pois não estão trabalhando como se deve o background do personagem.

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  2. Essa questão da obsessão pelo trabalho é algo que até esqueci de mencionar. O Kotetsu sonha em agradar a filha mas se afastou tanto dela que não faz ideia do que fazer para realizar isso.

    Quanto ao Okarin, acho-o interessante pela forma como suas motivações são mostradas e pela forma como evoluiu ao longo da trama; um pouco mais de aprofundamento e seria perfeito.

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  3. Comecei a assitir Tiger & Bunny recentemente...Mais por causa da minha timeline que pipocava de comentários sobre esse animê. Eu me surpreendi porque ele é bom. E bom,sem exageros.

    Como gosto de HQ's de herois,eu adorei. E tem a ver com um trabalho que estou fazendo (da faculdade). Tem alguma relação.Mas, é muito longíquo da ideia do autor que eu estou trabalhando. Só que essa coisa de "desmascarar" os super heróistem tudo a ver!

    Eu meio que me empolguei com essa série. Estava até pensando em escrever sobre ela, mais pra frente, no meu blog. Se eu for postar algo, acho que terei que te citar (mas, coloco os links direitinho).

    O fórum do ANNW é legal. Dá pra ler várias opiniões sobre a série. Verdade que eu não concordo com a resenha do site. Carl Kimlinger fala como se Tiger & Bunny fosse um animê com uma temática rasa.

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  4. A propósito Su, de que se trata esse trabalho? (acho que te vi comentar no Twitter, mas não perguntei)

    Verdade, apesar dos comentários do Carl se referirem ao começo da série muita coisa pode ser percebida logo ali.

    Se escrever sobre T&B, gostaria de ler, sim =D

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