domingo, 23 de outubro de 2011

[CLAMP] Clover e a poesia do trevo de quatro folhas

Capa do primeiro volume

Olá a todos! Como vão?
Pois bem, este é o primeiro review de um mangá do blog! E para começar em alto estilo, nada melhor que um título que divide opiniões porém é um dos meus favoritos.

Hoje venho falar de Clover, mangá de 4 volumes do grupo CLAMP publicado de 1997 a 1999 na revista Amie. Obra que seria interessante de trazer ao Brasil, porém imagino que a essa altura isso não ocorrerá.

Clover é um mangá de arte encantadora e narrativa singular perfeitamente sincronizados. Isso deu à série um potencial de dividir opiniões, mas ainda assim pode ser incluído entre as melhores obras do grupo.



Sobre a história

Cena do primeiro volume. Uma das mais bonitas da série.

Em um mundo futurístico sombrio e assolado por guerras civis, o governo militar mantém o projeto Clover, que consiste em pessoas com capacidades especiais em diversos "níveis de poder", classificados a partir dos número de folhas em uma tatuagem de trevo.

Neste cenário, temos o jovem ex-militar Kazuhiko, que é reconvocado (na base de muita chantagem, claro), para escoltar uma jovem garota, Suu, até então criada dentro de uma enorme e isolada gaiola, a um parque de diversões. No meio do caminho, descobertas sobre o passado da menina e sua ligação com Kazuhiko ocorrerão, rumando a um final dramático.

Os dois primeiros volumes do mangá narram esta linha principal de história, enquanto o terceiro e o quarto procuram contar as histórias dos personagens secundários (a cantora Oruha, o misterioso Ran e o militar Gingetsu), completando "buracos" deixados durante a linha principal.

De acordo com as autoras, o mangá está incompleto - embora seja difícil de imaginar o que mais elas querem acrescentar à série, levando em conta seu tom bem conclusivo.

Comentários Gerais

E eis a música tão misteriosa e importante ao longo da série...

Em primeiro lugar, não espere um grande desenvolvimento de personagens ou de ambientalização; Clover, com seus 4 volumes de 100 páginas cada, não tem intenção de se aprofundar nisso. A graça da série está em sua atmosfera emocional e um pouco mais sombria, que neste trabalho a CLAMP conseguiu refinar como nunca - o que não significa que a série vá agradar a todos os tipos de público.

Comecemos pela arte. Os backgrounds são propositalmente vazios na maior parte do tempo, ao passo que os personagens são representados com um traço fino e detalhado - o mais próximo que vemos disso hoje em dia nos trabalhos do grupo está em Kobato e Gate 7. Há um uso minuncioso dos quadros na representação de diálogos, expressões e gestos dos personagens, assim como uma alternância entre branco e preto e a presença constante de uma música que é peça-chave dentro do enredo; todos esses elementos são usados em prol de um envolvimento emocional que é o maior entre todas as obras do CLAMP.

A questão é que, ao mesmo tempo que esse envolvimento emocional é fortíssimo, ele exige que a história - que já é, de certa forma, rasa - siga em um ritmo mais lento, o que pode ser bem cansativo - para não dizer sonolento - para alguns, levando a ideias de uma série de "estilo sobre substância".

Pois bem, pode-se dizer que Clover é uma obra de estilo sobre substância, mas de uma forma proposital: o objetivo da história é levar o leitor, a partir das melancólicas escolhas de Suu, a se envolver e refletir sobre uma pergunta tão simples porém de resposta difícil para vários: afinal, o que significa a verdadeira felicidade? O quanto seu significado varia de indivíduo para indivíduo? Toda a construção emocional leva a esta mensagem, que deixa uma impressão forte, simpatia pelos personagens e quem sabe até a um olha do leitor para dentro de seus próprios sentimentos.

Conclusão

A cantora Oruha, detentora de um destino trágico.
Clover notavelmente não é um mangá para todos; o ritmo lento e a sensação de ter uma história rasa pode desagradar a muitos. Porém, os que estiverem dispostos a aproveitar uma história de boa carga emocional, arte extremamente agradável e com uma mensagem a se refletir podem aproveitar este mangá sem compromisso. De qualquer forma, não dá para negar que é uma das obras CLAMP mais diferenciadas, e mesmo classificada como incompleta, em seus atuais quatro volumes oferece um conteúdo bem completo. Vale a pena dar uma chance, não acham?

5 comentários:

  1. Achei impressionante sua resenha sobre Clover. Já me decidi, comprarei o mangá em japonês! =)
    A resenha ficou ótima, parabéns!
    Visitarei mais vezes!!

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  2. Saudações

    Esse mangá do CLAMP, notoriamente, possui um estilo que não seria bem recebido entre os fãs nacionais de mangás. Talvez, muito disto esteja co-relacionado à sua história rasa e desenvolvimento mais lento...

    Entretanto, a qualidade da obra não é algo que se deva subjugar. Há uma narrativa, pois mais simples que ela seja. É difícil um mangá do CLAMP com backgrounds vazios/opacos (alguém falou em Chobits e Card Captor Sakura?), mas isso não desmerece a obra, ao meu ver (entra diretamente no conceito que deste, Mary).

    Essa é a pegada, Mary.
    Continue assim com os seus posts.


    Até mais!

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  3. @Johnny
    Obrigada, bom saber que gostou! =D

    @Carlírio

    Pois é, Carlírio, acho que se viesse para o Brasil acabaria agradando mais a fãs do CLAMP mesmo. Se viesse, imagino que a série não tenha visibilidade suficiente para atrair alguma editora.

    Mas é aí que está, é uma obra rápida de ser lida mas que consegue passar algum sentimento. Uma das minhas favoritas do grupo, com certeza.

    Obrigada pelo apoio ^.^

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  4. Realmente, EXCELENTE POST e para mim, o seu melhor post por ser bem centrado e dinâmico, direto ao ponto de forma incisiva. Ah, ainda vou conseguir expressar tudo que quero, de forma tão objetiva HUEHUEHUEEHUEUH.

    Quanto a Clover, é um dos poucos trabalhos da CLAMP que ainda me resta conferir. E já está mofando aqui faz um tempão, mas você deu o empurrãozinho necessário. E olha, como é CLAMP, eu acredito que uma hora esse mangá vai despontar por aqui. E olha que ele tem a cara da Panini. Não parece ser algo que a Jbc goste de lançar.

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  5. @Roberta

    Wow, sério mesmo? =D Honestamente, tive uma impressão diferente quando o publiquei, achei um pouco "vazio", faltando algo. Mas se assim está mais objetivo vou experimentar um pouco mais escrever assim.

    Clover é uma série curta, mas sabe te deixar imersa na arte. Mas tenho minhas sérias dúvidas se virá, com a questão da inconclusão (oficial, mas não aparenta isso em seus quatro volumes). E tem mais perfil de Panini mesmo.

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