Sim, estou há um bom tempo sem postar; sim, preciso definir melhor o que quero escrever aqui - e mais algumas experiências, talvez com um tom mais pessoal, começam agora, neste post.
Enfim, desta vez estou fazendo um pouco diferente - peguei este "bloco" inicial de Mouretsu Pirates para comentar algumas impressões que tenho e que estão me incomodando bastante, Gostaria de ler a opinião de vocês a respeito.
Obs: Comecei a escrever este post ontem, mas hoje de manhã quando entrei no Blogger para concluí-lo, encontrei este post do @Noots_ no meu painel de atualizações. Tem alguns paralelos com o meu post, no quesito de caracterização dos personagens; deem uma passada lá e leiam.
Obs2: Spoilers leves de Mouretsu Pirates no texto. Não comprometem para quem não viu, mas sigam com cautela.
Eu bem que pensei que livraria-me das maids. Haha, como sou inocente... |
Lembram da minha empolgação quando comentei a estreia de Mouretsu Pirates no post de Primeiras Impressões da temporada de Janeiro? Que eu havia dito que a série tinha fôlego para ser divertida jornada sci-fi com personagens carismáticos para sustentar o pique?
Pois bem, de uns tempos para cá tenho sentido algo errado a cada episódio. Um lado meu se diverte com o tempo de tela bem conduzido pelo diretor Tetsuo Sato (com exceção dos episódios 03 e 04, que explicarei logo adiante), uma animação e arte lindos e uma boa caracterização do universo futurístico, mas por outro lado algo no roteiro em si tem me incomodado. Já questionei isso no fórum, me perguntando se deixei passar alguma coisa. Cheguei a conclusão de que não é este o problema.
Aparentemente, quem está deixando passar alguma coisa é a produção, que em sete episódios ainda não deu personalidade nem senso de proposta e conflito ao anime.
Vamos desenvolver um pouco. Como eu disse ali em cima, a direção do anime consegue trazer alguma diversão a cada episódio, falhando apenas no pequeno arco de desenvolvimento dos episódios 03 e 04 - o que acaba provando-se fatal e revelando mais da fragilidade do roteiro.
Nestes episódios, temos uma plena demonstração de diálogo sci-fi caracterizando o embate cibernético entre uma nave de estudantes e seus perseguidores, detalhando de forma minunciosa o esquema estratégico/tático; porém, isso é feito de forma demasiadamente lenta e acaba comprometendo o próprio objetivo: demonstrar o desenvolvimento de Marika e sua decisão em tornar-se uma pirata espacial.
O que ocorre é que acabamos por ver que Marika tem potencial para liderar um bando de piratas no espaço e tem um objetivo em mente ao decidir isso, mas falta uma coisa: questionamento. Marika pouco sabe do que é ser uma pirata; quando chega à nave, descobre que a pirataria oficializada envolve um esquema em que os piratas são praticamente figurantes, atacando naves de ricos que serão compensados dos roubos pelo seguro da companhia. Lembra um tico o conceito de corsário, mas bem, acho que os verdadeiros corsários tinham uma verdadeira importância nos conflitos em que estavam envolvidos...
Agora digam-me: onde está o senso de conflito aqui? Talvez seja implicância minha e meu desagrado inicial com a série esteja comprometendo minha avaliação dos fatos, mas não seria normal a Marika questionar o porque das ações dos piratas - que são oficializados e mantidos sob certo controle para servirem a propósitos militares do governo - ? Afinal de contas, as vítimas são compensadas pelos assaltos, mas quem gostaria disso? Esse tipo de ideia não passa pela cabeça dela?
Agora, suponhamos que como alguns blogs indicaram, ela esteja agindo como uma "Robin Hood" do espaço, tirando dinheiro dos ricos para deixar aos "necessitados" - seus tripulantes no caso. Só que o anime não nos dá uma vista sequer aos tripulantes da nave. Eles estão presentes desde o episódio 06, mas não conseguimos sequer lembrar dos nomes deles. Acabam sendo apenas figurantes com um visual diversificado, tentando criar um conjunto cool como plano de fundo à Marika, waifu de muitos otakus nesta temporada. Não dá para sentir as motivações de ninguém ali, não tem como se apegar. E se a série está lidando com esse propósito de "Robin Hood", nós não vemos esse tipo de ideal presente nas ideias da protagonista, pois o anime não apresenta. A Marika acaba tornando aquela protagonista fácil de simpatizar à primeira vista, mas absolutamente plana; o desenvolvimento esperado dela não vem, e isso decepciona.
O único conflito que vemos passar pela mente dela até o momento é o fato de que ela quer manter a vida de pirata ao lado da de estudante e empregada do maid cafe - ah, o anime não poderia deixar isso de lado! Como ficam nossos pobres otakus japoneses sem suas maids de Mouretsu? - e que agora temos alguma princesa loli que deve ter interesse na vida de piratas e vai render mais apreciação do público fetichista.
Sabe o que eu vejo a partir disso? Que esta série é na verdade um slice-of-life¹ futurístico, com personagens planos, sem personalidade ou força para trabalhar os bons conceitos que apresenta e envolto por camadas e camadas de pretensão com o intuito de atrair um público de ficção científica e outro mais voltado às tendências otaku hardcore do mercado de animes atual - e deve acabar agradando apenas ao segundo. A sensação é familiar a de assistir Last Exile: Fam, The Silver Wing que deve concluir sua segunda metade nesta temporada - e olha que este ainda tinha algum senso de conflito; mas seguia pelo mesmo caminho de lidar com personagens que pouco interessavam ou provocavam empatia no espectador.
Devo continuar assistindo na torcida de que as previsões deste post não se concretizem; mas bem, acho que a Temporada de Abril que está por vir já está prometendo coisas bem mais interessantes, não é mesmo?
Em todo caso, repito o que já disse acima: gostaria de saber o que vocês pensam a respeito desses questionamentos; troquemos opiniões.*Medinho da recepção desse post...*
Em todo caso, repito o que já disse acima: gostaria de saber o que vocês pensam a respeito desses questionamentos; troquemos opiniões.
¹- Para evitar confusões: Eu não tenho nada contra slice-of-life, curto muitas séries do gênero. Mas acho que uma série confusa na própria proposta e que utiliza este gênero como saída mais fácil está errando bastante.
Quem mais tem a Marika como Waifu? A coisa vai ficar séria agora. A Marika é minha. hunf.
ResponderExcluirQuanto ao texto, discordo, já que sou fanboy de Mouretsu.
Ao menos uns 9273858346776 otakus lá no Japão, provavelmente.
ExcluirE opiniões são opiniões, discorde e discuta a respeito à vontade, para chegarmos a novas conclusões. Só me preocupo em ter deixado algum fato passar na avaliação.
Tu é muito volúvel cara, nem casou e já está trocando de waifu.
ExcluirÓtimo post, Mary. Casa certinho com o que eu vinha pensando desse animê. É como eu já tinha falado (aqui), a Marika é surreal (e isso não é um elogio).Estava aqui, pensando em continuar, já que droppei no terceiro episódio. Mas,sei não... O mínimo que a gente espera de um animê é: um bom roteiro, direção, e uma arte bonita (tá, isso pra mim). A Marika é só uma personagem sem (quase) nenhuma emoção, a gente não se apega à ela. E era o que deveria acontecer, já que ela é a protagonista,certo? Ou não... Ou esse animê só foi feito para o "outro público".
ResponderExcluirOutra coisa que não me agradou foi a reação da Marika ao saber que seu pai foi um pirata, e que tinha acabado de morrer. Ela não sente nada!!! Cadê o sentimento, diretor? (Essa reação aqui, eu aceito, a da Marika,não.)
Se parou no 03, é provavel que vá desistir logo no 04 ao retomar. Mas este é só o começo dos problemas que citei no texto.
ExcluirMas é como você disse, a Marika é surreal DEMAIS, feita para o apego daquele "outro público" que só está ali para admirar em apenas um nível de apreciação. Mouretsu é um trato aos olhos com sua arte e até é bem conduzido, mas o roteiro falha, não nas caracterizações do universo mas nas de seus personagens.
Quanto essa cena sobre o pai dela, a princípio estranhei também, mas acabei pensando "bem, ela nem conhecia o pai, vai ver por isso a falta de emoção". Mas conforme o roteiro se mostra mais raso, mais isso acaba virando outro pequeno defeito também.
Também não sei (na cena do link escondido, o Merlin também não conhecia o pai.E teve o caso real de uma amiga que chorou quando soube que o pai, que nunca conheceu, morreu). Talvez eu esteja exigindo demais de um animê. Mas, isso que você comentou no texto,sobre ela não se questionar, só comprova o que eu já pensava: Marika foi feita apenas para ser "fofinha". O fanservice da "maid" taí pra provar...Estou sendo muito dura? É só a minha opinião.
ExcluirAh,sempre me esqueço de algo. Você citou Last Exile: Fam, The Silver Wing. :'D
ExcluirFoi uma boa comparação, em termos,porque a Fam,pra mim,não é a que mais se destaca (beijos,Giselle Collette =*).Mas,também temos uma personagem moe em Last Exile 2,então, tenho que concordar. (Apesar de que, em LE2, ainda há uma história mais ou menos coesa).
Não acho que está sendo dura, Mouretsu é o anime mais instável da temporada mesmo.
ExcluirQuanto a Last Exile 2, parei logo no começo. Talvez tivesse assistido mais se o fim do ano passado não tivesse sido tão apertado (e eu gostava da Millia), mas a sensação de pouca personalidade que me deixou foi semelhante a de Mouretsu. Um pouco melhor, mas não o suficiente para me animar a correr atrás. (E aliás, eu já ouvi falar bem mal da Fam por aí...)
Tadaima Mary Vanucchi! ;P
ResponderExcluirMouretsu Pirates deve seguir pelo espírito de Marika,ou seja,levar com leveza e sem alienação(?)a conciliação dos eventos que surgem com os já presentes,daí também se sugeriria a convivência de gêneros.
Uma saída para tentar entender Mouretsu seria tirar a média de quanto espaço cada 'foco' ganhou,pois na previsão de 26 episódios para a série já se passou mais que 1/4 da estória para então assim avaliar se a proposta do anime é uma 'convivência' ou uma 'transformação inter-gêneros'.Este último seria possível se a harmonia entre suas funções de maid,colegial e mulher pirata se abalasse daqui em diante.
* Algumas sugestões para o aprofundamento da pirataria no anime:
-1 Mudança na legislação sobre pirataria.
-2 Falta de tempo para que adeque suas 3 funções.
-3 Torar-se um perigo sua aproximação para os não-relacionados ao ramo da pirataria.
Até...
É aí que está, essa convivência de gêneros é o que não parece dar certo em Mouretsu. Quer bancar o estilo de pirata espacial e criar um ambiente bacana, mas não tem senso de desafio, não causa apreensão e o desenvolvimento é muito lento - isso quando não falha, deixando a Marika tão idealizada para manter o espectador numa zona de conforto - e menosprezando o elenco secundário.
ExcluirO máximo que vejo de conflito para a Marika mesmo é o fato de ela querer conciliar diferentes ocupações, mas isso só parece mais relacionado ao problema de falta de senso de proposta da série.
Eu jurava que eu não ia dropar esse, mas entrei no grupo que desistiu depois do terceiro episódio.
ResponderExcluirTava super booooring, Mary... Os cenários eram bonitos, as personagens perfeitas, tudo fórmula repetida e que cansam depois de um tempo. Aquela hora que vc não consegue nem prestar atenção? Poisé...
Gostei muito do texto, senti-me contemplada com a sua opinião ^^
Sinceramente, Moretsu Pirates é um grande conceito destruído pelas necessidades do modelo de Akihabara. E o segundo Last Exile é um bom comparativo – mas Moretsu é pior.
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