Em 2011 tivemos uma estreia um pouco singular: misturando um jogo de cartas tradicional japonês com uma abordagem josei, o estúdio Madhouse trouxe a adaptação do premiado mangá de Yuki Suetsugu, Chihayafuru, na Temporada de Outono sendo o único representante da demografia já citada no momento. Programado para terminar após 25 episódios, a série já está na metade do caminho - mas quão longe a série conseguiu avançar? Temos aqui um bom romance capaz de equilibrar-se em uma história de esporte competitivo? Ou temos um esporte competitivo como forte elemento de uma história de romance? É o que temos a descobrir.
(Esta postagem contém alguns spoilers. Leves, mas ainda assim spoilers.)
Para quem não conhece: Chihayafuru conta a história de Chihaya Ayase, a bela irmã de uma top model que, com seu comportamento inocente porém cheio de energia, é apaixonada pelo tradicional jogo japonês de cartas karuta - que consiste em identificar e retirar cartas de um conjunto antes de seu adversário - , desde que o conheceu a partir de seu amigo de infância Arata. Agora, o objetivo de Chihaya é tornar-se uma grande campeã de karuta - a maior do Japão e, portanto, maior do mundo. Para isso, ela contará com a ajuda de Taichi Mashima, seu outro grande amigo de infância, e da carismática equipe do clube de karuta. (Copiado e um pouco modificado deste artigo de Primeiras Impressões)
Em primeiro lugar, reforçando o que já mencionei nas minhas Primeiras Impressões sobre a série: que arte linda da Madhouse. Fico deslumbrada a cada episódio, sério. Ótimo uso de cores e iluminação, character design um pouco diferenciado (chamando muito a atenção aos olhos dos personagens) e extremamente elegante em seu trio de personagens principais e animação suave que casa direitinho com a execução da série.
E falando em execução, temos um trabalho bem sólido de Morio Asaka, que separa bem a construção do background, começando a série com flashbacks dos encontros de Chihaya, Arata e Taichi que serão a base fundamental para a formação de seus personagens no presente da série. Há um ritmo bem medido, que reforça a dramaticidade -com alguns poucos momentos exagerados, mas outros realmente tocantes - e a qualidade de um roteiro simples que utiliza de duas ferramentas: uma, as mecânicas e torneios de karuta e a outra - a mais importante - a interação de seus personagens.
E essas duas partes funcionam muito bem juntas. Temos aqui aquele típico caso do esporte - no caso, o jogo de cartas - sendo utilizado como forma de amadurecimento dos personagens. Há também alguns bons pontos de vista em torno do jogo em si: Kanade, por exemplo, é a personagem que vê o valor cultural dos poemas contidos nas cartas e melhor entende a vida dentro deles, sem falar em seu respeito e exigência pelo uso das roupas tradicionais (hakamas) durante as partidas; há a forma como o estilo de jogo de cada personagem é trabalhado e o trabalho de equipe sempre é presente, fazendo com que aos poucos o espectador possa tentar partir da introdução básica do jogo e experimentar observá-lo de forma mais ampla. Nada tão inovador, mas funcional.
Só que isso é mais um forte de pano de fundo para o que tem feito a história brilhar: os personagens. Temos uma boa dose de figuras secundárias em procura da própria identidade e com motivações bacanas como Kanade, o nerd Tsutomu - que aprende a enxergar o mundo além de sua solitária carteira de escola - e Nishida - que reconhece que precisa parar de fugir de suas próprias fraquezas. Nada extraordinário, mas é consistente o suficiente para marcar o trabalho em equipe do clube de karuta do colégio Mizusawa.
Dentro do trio principal, temos figuras mais interessantes. Chihaya é uma garota energética, persistente, que marca por sua presença, porém um tanto desligada aos sentimentos (em especial românticos) que rodeiam-na e talvez até um tanto inocente em suas insistências. Encaixa-se um pouco no quadro típico do(a) protagonista com talento natural para o esporte em questão, e já passou por algumas situações de pressão em meio aos campeonatos vistos até agora. É aí que o leal amigo Taichi mostra-se um forte suporte emocional, ao passo que precisa aprender a lidar com as próprias fraquezas para manter-se ao lado de Chihaya com seus sentimentos não-declarados. Porque claro, Chihaya procura o torneio nacional para conquistar uma nova chance de jogar contra Arata, que apesar de distante e até fragilizado pela perda do avô não se esqueceu dela. Triângulo amoroso à vista? Claaaaro...
...Só que dentro de uma situação delicada em que há o risco de comprometer a amizade de infância e de lidar com a incerteza dos sentimentos uns dos outros. Bem típico, mas colocado em um plano mais sutil dentro da série em que o crescimento desses três personagens é o foco, pelo menos enquanto os momentos decisivos não chegam. Taichi mostra-se uma liderança forte, quebrando a imagem de pirralho mimado - devido a criação familiar cheia de pressões - do início da série; Arata aprende a recuperar-se da perda do avô, pela qual se culpava; e Chihaya percebe o valor que tem dentro de sua família, precisa aprender a lidar com as pressões e... Bom, sabe-se lá quando ela deixará de ser tão desligada com os sentimentos alheios...
-E agora, o que há pela frente?
Não vou esconder meu fangirlismo agora: QUERO MAIS ARATA NESSA SEGUNDA METADE DA SÉRIE!! Quem me conhece sabe como adoro ele mesmo com sua presença reduzida até agora, x3. Mas falando sério agora, acho que a presença dele deve aumentar nos próximos episódios; devemos ter também o mesmo nível de partidas de karuta executadas de forma a não diminuir o interesse. Não posso dizer com certeza, já que não conheço o mangá.
Há ainda uma misteriosa personagem que apareceu rapidamente no episódio 13 - provavelmente alguma competidora importante; e o público fica na torcida para que a Chihaya se recupere para as próximas partidas do torneio nacional.
De qualquer forma, eu coloco fé nos acontecimentos que seguirão. O nível de produção já está altíssimo e levando em conta o ritmo calculado temos muita qualidade garantida já. E o episódio 14 já está disponível em inglês, portanto 'bora partir com força para essa segunda metade que tem tudo para encerrar este anime como uma das obras marcantes do ano.
Post lindo de Chihayafuru, Mary! Sem contar que você colocou um dos momentos mais engraçados do Arata aí em cima: Ele virando a cabeça pra ver a foto do Mizusawa Team *-*
ResponderExcluirConcordo com tudo que disse, principalmente a parte do Arata aparecer mais já que ele é peça fundamental no anime e ainda ajudou a mudar todo o mundo da Chihaya!
E aquela nova personagem poderia ser a atual queen de Karuta?
Anyway, parabéns pelo blog! Muito fofo com relação a aparência e o conteúdo dentro dele muito mágico! Ganbatte nee ^^
Essa cena do Arata é encanto total. Ele é um divo, tomara que apareça mais. *-*
ResponderExcluirQuanto a personagem, é o mais provavel que seja a rainha do Karuta. A princípio fiquei espantada com a semelhança com o Arata.
Obrigada pelos elogios. Fico feliz que o visual agrade. ^.^
Eae!
ResponderExcluirGosto de pensar em pensar em Chihayafuru nos moldes de adjetivos,tais como:jovial,fulgurante e outonal.
Sei que o anime não leva para o lado de "O Sol Nasce para Todos" que é um filme estadunidense de 1953;entretanto a idéia simpática de seguir em frente com predisposição para ser feliz faz refletir parecidamente,ainda mais com todo aquele terno & reluzente clima de outono presente nos olhos dos personagens e na trilha sonora(Aqui não tenho certeza porque não a citou).
Post em termos de "Impressões do Meio de Chihayafuru" com boa introdução e inevitável expectativa afetuosa quanto ao futuro desta promissora história que "promete brilhar mais" para quem sabe também abrir caminho mais amplo a
'Joseis de Esporte'.
Bye!
Chihayafuru é tão superior que não tem apenas waifu de anime eleita por mim desse ano que passou. Não uma, duas.
ResponderExcluir@Anônimo
ResponderExcluirOs adjetivos que usou agora captam perfeitamente o clima da série. Neste quesito acredito que a trilha sonora ajuda bastante, tem umas composições "simpáticas" (na falta de um termo melhor ^^'). E da forma como tem sido conduzida, não tem como esperar o melhor da série mesmo.
@Panino
Está me deixando curiosa. xD Queria assistir o 14 ainda hoje, mas acho que vou ver algo com minha irmã. Ainda assim, EXPECTATIVA MAX LEVEL, hehe.
Acho que da temporada passada, Chihayafuro foi o anime que mais me empolgou.
ResponderExcluirEle consegue desenvolver os personagens de modo interessante.
desenvolvimento e evolução dos personagens é algo que da pontos extremamente fortes para os animes e é justamente o que encontro em Chihayafuro.
Concordo com você. Muitos animes e mangás com premissas "básicas" acabam impressionando pelos personagens, e é por esse caminho que Chihayafuru segue. =)
ExcluirSinceramente? Foi o melhor animê da temporada passada.
ResponderExcluirFico tentada a pensar assim também. Fate/zero impressiona muito também, mas acho que falta alguma coisa nos personagens. Já Un-Go foi muito inteligente, mas durou pouco - e deixa expectativa para o movie que provavelmente deve demorar a chegar até nós. Chihayafuru foi a série que mais soube se manter constantemente em alto nível.
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